quarta-feira, 12 de junho de 2013

“E vós, quem dizeis que eu sou?”



 Quem é Jesus Cristo para nós?.. Quais são as ideias de Jesus Cristo que estão tomando conta da cabeça das pessoas nos dias de hoje? O que o Espiritismo fala a respeito de Jesus?....

Jesus está caminhando com seus discípulos, e preocupado com a opinião das pessoas, Ele pergunta “quem o povo diz que eu sou?”. O povo tinha as respostas mais diferentes: “João Batista, Elias, Jeremias ou algum dos profetas”. Percebendo nas respostas do povo que eles não conheciam quem ele realmente é, Jesus faz uma pergunta diretamente aos seus discípulos, por que andavam constantemente junto dele, ouviam o seu ensino, e poderiam conhecer melhor: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mateus 16.13-16).
Afinal, quem é Jesus para o mundo, e para as pessoas em nossos dias? Quais são as respostas mais comuns para esta pergunta nos dias de hoje? E qual a importância desta pergunta para nós, cristãos?
Certamente já ouvimos diversas respostas para esta pergunta de Jesus, e é comum vermos uma grande diversidade de literaturas que apresentam como “maior psicólogo”, “maior mestre” ou “maior líder” que já existiu. Mas algo que nos preocupa muito como cristãos é que a cada dia se torna mais comum nos depararmos com revistas que trazem a imagem de Jesus Cristo na capa, porém com o titulo relacionado ao “Espiritismo”. Por estas e outras continuamos presenciando diferentes respostas (e muito diferentes) para a pergunta que Jesus Cristo fez aos seus discípulos: “quem dizeis que eu sou?”.
Não precisamos rebuscar muito para percebermos as diferentes formas de ver Jesus Cristo em nosso mundo, e o propósito deste breve artigo não é de julgar a fé ao nosso redor, mas mostrar que existem diferenças entre o Jesus Cristo apresentado pela doutrina Espiritismo-Kardecista e o Jesus Cristo apresentado pela Sagrada Escritura, confessado pelos discípulos e crido pelas igrejas cristãs que possuem como base da sua doutrina toda a Sagrada Escritura, como a Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
A princípio é curioso pensarmos que a pessoa de Jesus Cristo é “observada” também em outros meios religiosos, que não são cristãos em sua essência, apesar de atualmente se chamarem de cristãos. Por mais estranho que pareça, um dos principais meios religiosos que se utiliza amplamente do nome de Jesus Cristo em nossos dias é o meio espírita, principalmente o espiritismo proveniente de Allan Kardec, e muito conhecido no Brasil pela figura de Chico Xavier. Mas apesar de muitos usarem o nome de Jesus Cristo, identificando-se como Espiritas-Cristãos, convém perguntar: será que estes podem ser chamados, ou considerados “cristãos”?
Antes de mais nada é importante refletirmos a respeito do adjetivo “cristão”. Podemos considerar que o “cristão” é aquele que se diz cristão? Essencialmente não. O “cristão” reconhece exclusivamente a autoridade da Bíblia Sagrada, como verdadeira e inspirada Palavra de Deus, a qual não pode errar, e na qual se fundamenta toda doutrina. A Bíblia não traz somente o ensino de Jesus Cristo para viver uma vida reta, mas também traz os ensinos dele sobre si mesmo, e principalmente, testemunha o Evangelho que é a obra que Deus fez e faz em favor do ser humano pecador através de Cristo.
O “cristão” sabe que é pecador e dependente do amor e da misericórdia de Deus em sua vida, pois a sua natureza pecadora “não busca a Deus e não possui justiça própria” (Romanos 3.9-20). Esta dependência da ação de Deus em favor do ser humano pecador, para o “cristão” é essencialmente a total dependência da obra realizada através de Jesus Cristo na cruz. O “cristão” conhece Jesus Cristo não como um homem que viveu, ensinou o povo e seus discípulos, mostrou uma lei moral e morreu por ser mal compreendido, conforme a doutrina Espirita ensina, mas aquele que é chamado “cristão” conhece Jesus Cristo como verdadeiro Deus encarnado, “a imagem do Deus invisível”, (Colossenses 1.15) e reconhece em sua natureza pecadora a dependência da morte do próprio Deus “de uma vez por todas” (Hebreus 9.28) para oferecer o perdão dos pecados. Em palavras simples, ser “cristão” é acreditar em Jesus Cristo como Deus criador, Deus Salvador e Deus misericordioso.
Então surge a pergunta: pode ser chamada “cristã” a fé que recusa Jesus Cristo como Deus e considera-o nada mais que um homem sábio? Pois é justamente este Jesus homem, que é frequentemente apresentado nas mídias atuais, principalmente em novelas de grande destaque, em filmes e em diversos meios de comunicação. Esta compreensão de Jesus Cristo como um “mestre” é influenciada pelo Espiritismo.
Pois o Espiritismo ensina que Jesus Cristo foi nada mais que um homem que ensinou a moral, com a finalidade de se apresentar aos seus seguidores somente um “exemplo a ser seguido”. Toda a doutrina, bem como a compreensão de Jesus no Espiritismo não é guiada pela Bíblia, como Palavra de Deus, mas pela revelação de supostosespíritos” que conforme o próprio Allan Kardec, “possuíam um conhecimento sujeito ao erro, assim como qualquer ser humano[1]”. Convém questionar, se o conhecimento destes “espíritos” é semelhante ao conhecimento humano, por que Kardec não fundamentou a sua doutrina naquilo que as pessoas ao seu redor poderiam revelar? Pois mesmo assim, ele decidiu estabelecer a doutrina do Espiritismo moderno com base em “palavras” e “ensinamentos” que segundo ele, não possuem valor maior do que qualquer palavra humana.
Muitas pessoas são seduzidas pelo espiritismo, por se dizer que eles ensinam os princípios de Jesus Cristo e por ser considerado um ensinamento “racional”, que chama a atenção pelo ensino da “bondade e da caridade” e afirma que o ser humano pode purificar colocando em seu coração o proposito de praticar a caridade, conforme ensina a “máxima espirita” que defende com convicção que “sem a prática da caridade não há salvação”. Mas será que bondade pode ser sinônimo de verdade? As pessoas que vivem a caridade podem estar certas de que estão vivendo conforme a verdade? Não, pois qualquer pessoa pode viver praticando a caridade e a bondade afundado no engano, e acabar morrendo sem conhecer a verdade. Bondade e caridade não são sinônimos de “verdade”, e a prática da caridade ao próximo, por melhor boa obra que seja, não pode transformar a mentira em verdade, nem mesmo tem o poder de oferecer qualquer tipo de salvação ao ser humano pecador.
E ainda, indo mais adiante em nossa reflexão; se o ser humano possui capacidades próprias e forças próprias para vencer a sua natureza pecadora, com méritos e capacidade de viver na prática da caridade perfeita, sem buscar interesses próprios em total santidade, não estamos descartando a obra de Jesus Cristo em nosso favor e reduzindo o valor de sua obra, a algo “não tão importante assim”, ou até “desnecessária”? Pois em todos os tempos sempre existiram ensinamentos que prezam capacidades e méritos próprios do ser humano, ignorando a cruz de Cristo e relegando a sua obra a algo simplesmente dispensável.
Pode ser cristã, uma doutrina que tira Jesus Cristo do centro, para colocar em seu lugar a ênfase nas capacidades e méritos humanos? Não, pois o cristão que vive conforme a palavra de Deus reconhece a sua dependencia da ação de Deus por meio de Jesus Cristo. “Somos salvos por causa Cristo, por meio da fé não por obras humanas, mas somente por meio de Cristo”[2].
Em nossos dias, diante das diferentes visões a respeito de Jesus Cristo, poderíamos imaginar como seria respondida a pergunta “Quem o povo diz que eu sou?”. Certamente, as respostas seriam as mais diversas, e mais variadas do que nos tempos de Jesus, e justamente neste contexto é que se encontra a grande importância de perguntarmos “quem é o Jesus que nós confessamos?”.
Alguns ouvindo “Jesus ensinou.. Jesus falou” podem até dizer: “olhem! Eles acreditam em Jesus Cristo! Eles são cristãos”, mas o irônico que o simples nome “Jesus” jogado ao vento pode não significar nada. É nada mais que um nome, que para alguns pode lembrar o ex-namorado da Madonna, uma personalidade, uma pessoa conhecida, “um mestre” ou um ser humano qualquer. É importante perguntarmos “de qual Jesus você está falando?”.
Podemos dizer que é mais ou menos assim que um Espírita responderia: “Jesus foi um grande homem”, “um exemplo que Deus mandou para ser seguido”, “um mestre” nada mais que uma figura histórica, um homem qualquer. As nossas confissões Luteranas contidas no Livro de Concórdia afirmam que “até mesmo os ímpios e demônios creem que Jesus Cristo foi uma figura histórica qualquer, e que sua morte na cruz não se passa de uma noticia na história” mas não reconhecem como seu Salvador, que morreu na cruz para lhe oferecer o perdão dos pecados, uma nova perspectiva de vida na certeza que Deus nos ama, e ao fim de nossa existência no mundo a garantia da Vida Eterna oferecida por Jesus Cristo (Apologia da confissão, L.C p. 166, paragrafo 337).
Mas onde podemos chegar com esta compreensão de Jesus somente como um homem ou um exemplo qualquer a ser seguido? Podemos afirmar sem medo de errar, que com este conhecimento limitado de Jesus não podemos chegar a lugar nenhum, a não ser ao desespero! Sim, o desespero de lutar para ser igual a Jesus Cristo, o próprio Deus, tendo em vista que jamais seriamos iguais a Ele, o desespero na luta constante em fazer a caridade, em tentar se justificar diante de Deus com as suas próprias obras, desprezando o que Cristo fez por toda a humanidade e ainda assim, fazer tudo isso, com a finalidade de “reencarnar”, acreditando que podem voltar novamente ao mundo cheio de sofrimentos, mortes, luto, dor e angústias. Será que pode haver consolo em tal mensagem? É evidente que não, além de ignorar a clara mensagem da palavra de Deus, que “ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disto o juízo” (Hebreus 9.27).
Assim, acima de tudo, que nesta páscoa possamos afirmar de todo coração que “Deus amou o mundo!”, mas alguém pode perguntar: “mas como Ele ama o mundo?” resposta é oferecida pelo próprio Jesus, pois “Deus amou o mundo desta (de tal) maneira: dando o seu único filho para que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a Vida Eterna”. Jesus Cristo é a verdadeira e suprema expressão do amor de Deus por todos nós (Joao 14.6). Em Jesus Cristo temos a verdadeira Vida, na certeza que Deus não está alheio à nossa condição pecadora, mas Ele vem ao encontro do ser humano pecador na pessoa de Jesus Cristo, para viver e sofrer o nosso pecado, ressuscitando finalmente e oferecendo a garantia da nossa ressurreição e da Vida Eterna. Em Jesus podemos viver na confiança da verdadeira e definitiva consolação oferecida por Deus: o perdão dos pecados e a Vida Eterna, a qual não conquistamos por nosso mérito, mas recebemos por meio de Cristo.
Jesus tem uma pergunta aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Antes de perguntarmos o tipo de “mestre” que Jesus foi, ou se Ele usou ou não da psicologia, e antes de observarmos se Ele foi eficiente em sua liderança, não nos ocupemos em primeiro lugar “quem Jesus Cristo foi em si”, mas nos perguntemos “quem é Jesus para mim?” Certamente, pela fé que o próprio Deus opera em nosso coração, podemos fazer coro às palavras de Pedro: “Tu és o Cristo (o Messias) o filho do Deus vivo”!. E assim, como cristãos, confessamos a fé naquele que é Deus vivo, Deus criador, Deus mantenedor do mundo e de toda sua criação, que em seu amor por nós é hoje e eternamente nosso Deus Salvador. Pois assim como Ele vive, nós também viveremos! Amém.

“Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.

Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.

Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”

 (Romanos 6.8-11)

Autor: Rev. Douglas Wendler (pastor da IELB - Igreja Evangélica Luterana do Brasil)

       Matéria publicada na revista: Mensageiro Luterano Abril/2013                                     


[1] KARDEC, Allan O que é o Espiritismo? São Paulo: Federação Espírita Brasileira pág. 17
[2] Artigo IV da Confissão de Augsburgo – Da Justificação

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nota oficial da IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil): união entre homossexuais

A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) está estabelecida num país onde há liberdade de viver, se expressar e agir conforme a decisão ou vontade de cada um. Assim, a opção sexual faz parte dessa liberdade. Por outro lado, a IELB também entende que a liberdade de discordar e não aceitar em seu meio uma união homossexual, por esta ferir os princípios da Bíblia Sagrada, faz parte da sua liberdade e não lhe pode ser cerceada, pois fere a Constituição Nacional. A Constituição Brasileira, no seu Artigo V, incisos IV, VI, VIII e IX, diz:

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Assim, precisamos diferenciar homossexualismo de homofobia. A Igreja Luterana não concorda com a conduta homossexual, mas não discrimina o ser humano homossexual.

Por isso declaramos:

1 – A IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL crê e confessa que a sexualidade é um dom de Deus, destinado por Deus para ser vivido entre um homem e uma mulher dentro do casamento.

2 - A IELB crê e confessa que o homossexual é amado por Deus como são amadas por Deus todas as suas criaturas.

3 - Em amando todas as pessoas e também o homossexual, Deus não anula o propósito da sua criação.

4 - Por esta razão, a igreja, em acordo com a Sagrada Escritura, denuncia na homossexualidade um desvio do propósito criador de Deus, fruto da corrupção humana que degrada a pessoa e transgride a vontade de Deus expressa na Bíblia. “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher: é abominação. Nem te deitarás com animal, para te contaminares com ele, nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele: é confusão. Portanto guardareis a obrigação que tendes para comigo, não praticando nenhum dos costumes abomináveis que praticaram antes de vós, e não vos contamineis com eles: Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 18.22,23,30); “Por isso Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seus próprios corações, para desonrarem os seus corpos entre si; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro” Romanos 1.24,27); “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Coríntios 6.9-10).

5 - Porque a homossexualidade transgride a vontade de Deus e porque Deus enviou a igreja a levar Cristo Para Todos, a igreja se compromete a encaminhar o homossexual dentro do que preceitua o amor cristão e na sua competência de igreja, visando a que as pessoas vivam vida feliz e agradável a Deus; Mateus 19.5: “... Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”

6 - A IELB, repudiando qualquer forma de discriminação, deve estar ao lado também das pessoas de comportamento homossexual, para lhes dar o apoio necessário e possam vir a ter a força para viver vida agradável a Deus.

7 - Diante disto repudiamos a idéia de se conceder à união entre homossexuais o caráter de matrimônio legítimo porque contraria a vontade expressa de Deus e dificulta, se não impossibilita, a oportunidade de tais pessoas revisarem suas opções e comportamento.

8 - Repudiamos também, por conseqüência, a hipótese de ser dado a um casal homossexual a adoção e guarda de crianças como filhos porque entre outros prejuízos de formação, formará na criança uma visão distorcida da sua própria natureza.

Fiéis ao nosso lema CRISTO PARA TODOS ensinamos que a igreja renova também o seu compromisso de receber pessoas homossexuais no amor de Cristo visando que a fé em Jesus as transforme para a nova vida da qual Deus se agrada.

Em nome da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Rev. Egon Kopereck
Presidente IELB

*(A posição da IELB atende ao disposto em parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, da 57ª Convenção Nacional)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O cristão no mundo

Sermão de Lutero sobre as duas espécies de justiça do ano de 1519.


Por muito tempo Lutero esteve perturbado diante da expressão “Justiça de Deus” presente principalmente nos Salmos e na epístola de Paulo aos Romanos.
Depois de muita reflexão e estudo, Lutero compreendeu que a justiça de Deus se revela no Evangelho, como está escrito em Romanos 1.17, “por que a justiça de Deus se revela no evangelho como está escrito: ‘o justo viverá por fé’”.
A partir daí, Lutero pôde compreender que a justiça de Deus é oferecida, e concedida, a todo aquele que crê em Cristo. Portanto, o cristão é justo diante de Deus somente pela fé em Cristo, ou seja: por meio da fé, (e do batismo) em Cristo, somos revestidos pela  sua justiça.

 Essa descoberta se tornou a chave para a compreensão das Escrituras, pois permitiu que Lutero e nós pudéssemos hoje, discernir entre a Justiça passiva (que não podemos agir, ou contribuir para recebê-la pois é) recebida de Cristo pela fé; e a justiça ativa, que é a justiça do mundo que requer o cumprimento das leis para que sejamos considerados justos pelas pessoas que estão ao nosso redor, e pela sociedade (e Estado) que fazemos parte como cidadãos.
Lutero explica primeiramente que o cristão possui duas justiças, definindo a justiça passiva, que Cristo nos dá dizendo: “esta é uma justiça que vêm de fora”, ou seja: esta justiça não pertence a nossa natureza humana, mas ela vem (é imputada, colocada) a nós através de Cristo.

Cristo nos diz: “eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em mim, não morrerá eternamente” (João 11.25). E justamente esta ressurreição e vida que temos através desta justiça, que Deus nos dá.
 Desta maneira, podemos dizer “tudo o que é de Cristo é meu: sua vitória, seus feitos, o que disse e sofreu, sua morte – como se eu próprio tivesse vencido, feito, dito, sofrido tais coisas e tivesse sido morto (...) São nossas portanto, todas as coisas que Cristo tem, que foram concedidas gratuitamente a nós homens indignos, por pura misericórdia, quando na verdade teríamos merecido ira, condenação, bem como o inferno (...) Pela fé, portanto, a justiça de Cristo torna-se nossa justiça...” (Lutero p.67).

“Essa justiça alheia (que não pertence naturalmente a nós), portanto, infundida em nós sem atos nossos, somente pela graça, (...) é oposta ao (nosso) pecado original, o qual temos desde o nosso nascimento”, portanto, a partir desta justiça, passamos a agir no mundo conforme a segunda justiça, que é a justiça do mundo obra, e fruto da primeira justiça (que provém de Cristo).
 Assim, Lutero nos diz que vivemos a nossa vida no mundo, e nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor à luz da justiça que temos em Cristo, e refletindo a obra de Cristo na nossa vida diária: “que cada cristão se torne servo um do outro, e se o cristão possui alguma sabedoria ou justiça, ou poder, através do que ele poderia superar os outros (o próximo), este não deveria tomar isto como seu, mas atribuir tudo o que tem a Deus”.



Fonte:
LUTERO, Martinho. Pelo Evangelho de Cristo: Obras selecionadas de momentos decisivos da reforma. Porto Alegre: Concórdia; São Leopoldo: Sinodal, 1984.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Rosa de Lutero - Símbolo do Luteranismo



O Significado da Rosa de Lutero, expressa um pouco da Teologia Luterana:


* A cruz preta, no centro da rosa, lembra que em Jesus o próprio Deus vem ao nosso encontro, sacrificando sua vida e vencendo o poder da morte em nosso favor, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).

* A cruz preta, envolvida pelo coração vermelho, significa que Cristo agiu na nossa vida através da cruz. A nossa vida recebe um novo sentido. Ele é o mais importante. A partir dele todas as coisas e pessoas recebem seus devidos lugares e seu valor. O coração nos faz recordar que é pela fé que somos justificados. A cor vemelha é símbolo do amor que se doa e reparte. Assim como Cristo nos amou, também os seus se amam uns aos outros. Assim como Cristo serve aos seus, eles servem uns aos outros, cada qual conforme o dom que recebeu (Gálatas 6.2).


* As cinco pétalas brancas assinalam que, pela fé, atuante em prol da justiça e da paz, temos alegria, consolo e paz com Deus, conosco mesmos e uns com os outros. Quando a cruz de Cristo tem lugar em nossa vida, ocorre uma transformação. O reino de Deus se faz presente com todas as suas promessas.


* O fundo azul lembra o céu e aponta para a fidelidade de Deus. Deus está conosco. Em Cristo ele nos veio salvar e unir em comunidade. Podemos viver com e para Deus, como sinais de seu reino, já aqui e agora. A cor azul é também esperança no futuro, pois lembra a eternidade.

* O anel dourado lembra o ouro, metal mais precioso. Este anel representa as dádivas que recebemos através da cruz e ressurreição de Jesus. Pela fé recebemos perdão, comunhão, esperança, sentido de vida, o pão de cada dia... Aponta também para aquilo que, na eternidade, nos será dado: alegria sem fim, satisfação de todas as nossas necessidades e anseios. Então veremos, face a face, aquele no qual temos crido.

Fonte: http://www.luteranos.com.br/categories/Quem-Somos/Nossa-Hist%F3ria/Martim-Lutero/Rosa-de-Lutero/